Escravidão e tráfico de africanos através dos registros de batismo (Rio Grande do Sul, 1780-1850): resultados parciais

  • Marcelo Santos Matheus Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS) - Campus Canoas
  • Sthefany Lavínia Mello Costa Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS) - Campus Canoas
Palavras-chave: Escravidão, Tráfico de africanos, Registro de batismo

Resumo

Esta pesquisa se propõe a investigar quantos escravos africanos foram levados às pias batismais nas diferentes capelas do Rio Grande do Sul entre 1780 e 1850, verificando a representatividade de tal fonte para a análise do próprio tráfico de africanos para o sul da América portuguesa e, depois, para o sul do Império do Brasil. Como está sendo possível perceber, ela foi muito expressiva, o que está possibilitando a realização de uma cartografia, a partir dos registros de batismo, dos africanos que viveram e trabalharam no RS no colonial tardio e, principalmente, na primeira metade do século XIX. Para sua execução, as informações contidas nos batismos serão armazenas em um banco de dados construído a partir de uma tabela do Excel for Windows. Estas informações foram divididas em diferentes categorias analíticas: o ano do batismo, a localidade, se o batizando é africano ou nascido no Brasil, a nação e/ou o grupo de procedência (no caso dos africanos) e, finalmente, o nome do senhor. A quantificação destes aspectos possibilitará a apreensão das principais “tendências” e/ou padrões dos batismos de escravos no Rio Grande do Sul. Nesta comunicação pretendemos enfatizar os resultados parciais alcançados[1]. Até o presente momento já foram fichados quase 39 mil registros de batismos, sendo que quase 17% do total são batismos de africanos. Dentre estes, a maior parte são de escravizados da África Central (Congo, Benguela, Cabinda, Angola, etc.), ou seja, do tronco linguístico bantu, embora a representatividade dos africanos ocidentais (em especial os Mina) seja significativa também. Nesse sentido, a partir destes resultados, será possível conhecer de maneira mais refinada o passado dos africanos escravizados que foram comercializados para o Rio Grande do Sul, identificando de qual região do continente africano e de que cultura/sociedade os mesmos vieram. Assim, será possível entender as formas de resistência, as relações sociais produzidas, dentre outros aspectos da vida dos africanos no sul do Brasil, bem como questionar a construção da memória construída sobre a formação social e econômica do Rio Grande do Sul.

 

[1] Em função do tempo para apresentação, a presente comunicação focará nos resultados parciais do Projeto. Desta forma, não iremos abordar a fundo a estrutura do projeto, que será tratada na comunicação de outro bolsista.

Biografia do Autor

Marcelo Santos Matheus, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS) - Campus Canoas

Doutor em História Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS) - Campus Canoas.

Sthefany Lavínia Mello Costa, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS) - Campus Canoas

Estudante do Curso técnico de Administração integrado ao Ensino Médio do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS) - Campus Canoas.

Publicado
2025-06-04
Seção
[Comunicação] Ciências Humanas