A arte do “viajar” no romance Rakushisha, de Adriana Lisboa: um convite aos trânsitos contemporâneos

  • Sheila Katiane Staudt Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS) - Campus Canoas
  • Maitê Bittencourt Ferreira Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS) - Campus Canoas
Palavras-chave: Romance brasileiro contemporâneo, Haikai, Diário de viagem

Resumo

Em um mundo onde o deslocamento entre lugares pode facilmente se tornar um ato rotineiro e vazio de significado, o romance contemporâneo “Rakushisha”, de Adriana Lisboa, abre uma oportunidade singular para que sejamos transportados para experiências de vida em locais distintos e ampliemos nossa compreensão do extremo oriente. A partir da análise dessa obra, percebemos a estreita relação entre os temas centrais do projeto extensionista “Olhares sobre as cidades: experiências de viagem” que são a cidade e a viagem. Duas cidades - Kyoto e Rio de Janeiro, dois países - Brasil e Japão, dois continentes - Ásia e América, enfim, universos a serem desbravados pela leitura de um romance brasileiro contemporâneo.  A narrativa permite repensarmos temas como identidade, memória e transculturalidade, ao mesmo tempo em que nos transportamos a uma aventura repleta de reflexões acerca da condição humana. Através da jornada das personagens Haruki e Celina no Japão, somos convidados a enxergar o mundo sob diferentes prismas, vivenciando perspectivas culturais que talvez não estivessem acessíveis em nossa realidade cotidiana. Dois personagens em busca de respostas e autoconhecimento refletem questões universais sobre a relação entre passado e presente, bem como acerca das memórias que nos moldam e sobre o sentido de pertencimento. Essa experiência literária se torna, assim, uma porta para novos horizontes, promovendo um intercâmbio cultural e pessoal que ultrapassa as páginas do livro e chega à vida de cada leitor, além de nos aproximar de outro gênero literário - o Haikai - e dos diários de viagem do mestre Matsuo Bashô (1644-1694), poeta, viajante e haijin que viveu no Japão feudal e apresentou ao mundo o pequeno verso de apenas três sílabas, sem rima e sem título. Ao lado desse mergulho no universo narrativo de Adriana Lisboa, é possível fazer uma reflexão mais ampla e profunda sobre as complexidades das relações humanas e da vida com seus reveses e caminhos tortuosos que, por vezes, apontam para a impermanência de tudo e todos. Esse contato multidimensional com o conteúdo permite que os leitores atentos desenvolvam uma compreensão mais empática e crítica do mundo ao seu redor, incentivando-os a explorar novos caminhos em suas jornadas pessoais e acadêmicas. Ao promover uma experiência de aprendizado que envolve tanto o lado emocional quanto o racional, o projeto espera estimular o crescimento dos envolvidos, oferecendo um espaço para que as trocas culturais e intelectuais sejam motor de desenvolvimento e expansão de possibilidades em suas vidas. 

Biografia do Autor

Sheila Katiane Staudt, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS) - Campus Canoas

Pós-doutora pela Université Sorbonne Nouvelle Paris 3. Doutora e mestre em Letras pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Professora de Língua Portuguesa, Inglesa e Francesa no Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS) - Campus Canoas. 

Maitê Bittencourt Ferreira, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS) - Campus Canoas

Estudante do Curso Técnico em Desenvolvimento de Sistemas integrado ao Ensino Médio do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS) - Campus Canoas.

Publicado
2025-06-04
Seção
[Comunicação] Linguística, Letras e Artes