Tecnociência e educação profissional e tecnológica: a premência do mercado de trabalho

  • João Pedro Medeiros Vasconcelos de Souza IFRS - Câmpus Canoas, Brasil
  • Laura Menestrino Prestes
  • Vicente Zatti

Resumo

As transformações na sociedade brasileira contemporânea tem ocasionado uma crescente valorização da educação profissional e tecnológica, contexto no qual são criados os Institutos Federais de Educação, por meio da Lei 11.892 de dezembro de 2008. Tais instituições de educação profissional e tecnológica fundam-se em princípios voltados para a emancipação do ser humano. Propõem qualificação técnica integrada com a humana, o que implica na articulação de trabalho, ciência e cultura. Tal proposta pedagógica está fundamentada em princípios filosóficos advindos do materialismo histórico de Marx. Paralelamente a isso, vislumbramos a redução crescente da ciência à tecnociência. Esta, se refere a dificuldade de separar ciência e tecnologia, o que ocasiona características de subserviência da ciência aos interesses do capital, ou seja, a ciência não é mais desenvolvida para aumentar e/ou aprimorar nossos conhecimentos acerca de diversas áreas, e sim para desenvolver inovações, fazendo que tenhamos um controle maior sobre a natureza, utilizando esse conhecimento para o crescimento econômico. E é essa perspectiva de tecnociência que tem afetado as instituições de educação profissional e tecnológica, devido a valorização crescente da capacitação técnico-tecnológica a partir de critérios utilitaristas. A implementação da proposta político-pedagógica dos Institutos Federais de Educação, está, por um lado, ligada a ideais de formação emancipatória, que integram trabalho, ciência e cultura, mas por outro lado, atende o mercado capitalista com suas necessidades de suprimento de mão de obra. Isso estabelece uma espécie de ambiguidade no contexto de fundo a partir do qual essas instituições se constituem. A compreensão dessa ambiguidade é nosso problema de pesquisa. A hipótese de pesquisa é que essa ambiguidade constitui uma antinomia, ou seja, os elementos ambíguos não se excluem ou se superam, eles se preservam em função de sua interdependência. Desse modo a pesquisa busca demonstrar que existe uma relação de antinomia na educação profissional e tecnológica dos Institutos Federais de Educação, ou seja, por mais que esta proposta esteja fundamentada em princípios como emancipação e justiça social, sua implementação se dá num momento histórico em que o capitalismo reduz o papel da ciência à tecnociência, evidenciando um viés técnico-tecnológico para atender as demandas do mercado capitalista atual. No desenvolvimento da pesquisa, utilizamos análise bibliográfica de literatura filosófica e educacional relacionada à educação profissional e tecnológica . A hermenêutica crítica dos textos é seguida com reuniões para reflexão e discussão do problema investigado. É possível afirmar acerca dos estudos realizados, que a premência do mercado de trabalho constitui uma relação antinômica, entre a proposta politico-pedagógica dos Institutos Federais de Educação e a demanda do mercado e do capital.

Palavras-chave: tecnociência, educação profissional e tecnológica, filosofia da educação.

Publicado
2014-09-09
Seção
[Pesquisa] Resumos nível médio