Educação profissional e tecnológica na esfera da tecnociência

  • João Pedro Medeiros Vasconcelos de Souza
  • Vicente Zatti
  • Laura Menestrino Prestes

Resumo

No contexto do modo de produção capitalista, os ditames que regem a ciência, são os do mercado e do capital, que de acordo com Lacey (2006) implicam na "mercantilização do conhecimento para o lucro", fazendo com que a ciência seja compreendida como instrumento potencializador das demandas produtivas do mercado, resultando assim no que chamamos de tecnociência: uma ciência reduzida ao atendimento dos ditames do mercado e do capital e não mais de descobertas científicas tendo em vista o desvelamento da verdade. Paralelamente a isso temos a ascendente valorização da educação profissional e tecnológica, contexto este, que são criados os Institutos Federais de Educação pela lei 11.892 de 2008, para suprir a necessidade de mão de obra do país. Entretanto a proposta político-pedagógica dos Institutos Federais de Educação reforça a ideia de emancipação através da educação, enfatizando que a formação não deve ser apenas para o mercado de trabalho, ou seja, não se reduz à capacitação técnico-tecnológica. Ao mesmo a educação profissional e tecnológica vem ganhando cada vez mais valorização, devido ao seu potencial de impacto produtivo. Esses acontecimentos relacionados a proposta político-pedagógica dos Institutos Federais de Educação, constituem uma relação paradoxal, já que a proposta dos Institutos está fundamentada em uma teoria com princípios emancipatórios e antimercadológicos. A metodologia utilizada foi a Hermenêutica Crítica e a prática metodológica utilizada foi a pesquisa bibliográfica da legislação dos Institutos Federais de Educação, da área da educação e filosofia da ciência.A pesquisa tem como objetivos, aprofundar e clarificar a discussão sobre a questão da educação profissional e tecnológica na esfera da tecnociência e pesquisar as diferenças entre o que a proposta político-pedagógica dos Institutos Federais de Educação propõe e o que é de fato atendido na prática.Concluímos que ao adentrar nos interesses do mercado e do capital a ciência perde a sua autonomia, pois sofre influências do domínio econômico, tornando-se assim, o que chamamos de tecnociência. E é possível afirmar que há uma antinomia na proposta dos Institutos Federais de Educação, a sua proposta político-pedagógica está fundamentada na teoria marxista do materialismo histórico, ou seja, tem seus princípios basilares em uma teoria com fundamentos antimercadológicos, todavia os Institutos Federais de Educação surgem num contexto em que a educação profissional e tecnológica é expandida para atender as necessidades do mercado de mão de obra barata e qualificada.
Publicado
2015-11-06
Seção
[Pesquisa] Resumos nível médio