Contato com o outro: a presença de estrangeiros no evento Feira das Cidades do IFRS Câmpus Canoas

Resumo

A discussão sobre cidade e viagem é o principal objeto de estudo do projeto de extensão "Olhares sobre as cidades: experiências de viagem". Através deste, é promovido, desde 2011, o evento ?Feira das Cidades?, que reúne membros da comunidade externa e interna dispostos a compartilhar suas experiências de viagem, principalmente por meio do relato oral. Em todos os anos em que ocorre o evento, acontece o contato com estrangeiros que foram convidados a participar do mesmo. Nas cinco edições da Feira, contamos com mais de 40 estrangeiros, dentre eles africanos, caribenhos, haitianos, chineses, alemães, belgas, etc. A produtiva troca de informações entre os ouvintes e os convidados de outros países/continentes proporciona a cada indivíduo uma experiência única, que conecta saberes diferenciados sobre cada local, ampliando a visão de mundo dos envolvidos, bem como o entendimento sobre a alteridade humana nas cidades. Por meio de parcerias com ONGs, UFRGS e demais campi dos IFRS, IFSUL e IFFarroupilha, intercambistas e alunos são convidados a partilharem hábitos, cultura e costumes de seus países de origem. Nesse momento de integração intercultural, o contato tão próximo com estrangeiros faz com que preconceitos e estereótipos sejam desconstruídos dando lugar a novos olhares sobre o outro. Discutir e repensar o locus urbano, espaço plural que abriga e acolhe o "estrangeiro", além de compreender que "o estrangeiro habita em nós, ele é a face oculta de nossa identidade" (KRISTEVA, 1994, p.9) é o que vem sendo abordado nas discussões teóricas do projeto. Para Julia Kristeva (1994), todos nós somos estrangeiros e lidar com a diferença é, paradoxalmente, uma tarefa árdua ao ser humano. O medo do ?diferente? acirra o isolamento dos cidadãos nas cidades e trabalhar questões delicadas como esta, tanto em sala de aula quanto em espaços de inserção da comunidade-escola, desmistifica atitudes e rótulos advindos, em sua maioria, do desconhecimento. Nesse processo, a conexão entre ensino, pesquisa e extensão consolida-se de fato, enriquecendo sobremaneira os participantes. Promover a oportunidade de momentos de interação entre o estrangeiro/outro e o nativo propicia um convívio mais harmônico entre as partes envolvidas que compartilham o mesmo espaço.