A razão e a proporção no contexto da disciplina de química no ensino médio
caminhos para compreender as dificuldades dos estudantes
Resumo
Este trabalho apresenta resultados de um estudo que teve por objetivo conhecer de que forma os estudantes utilizam a razão e a proporção na resolução de problemas que fazem parte da disciplina de química do ensino médio. Esta proposta constitui-se como uma das ações da última etapa do projeto de pesquisa Transformações: a busca por espaços que favoreçam a mudança conceitual no ensino de química, que teve início em 2017 no IFRS - Campus Canoas. Nos anos anteriores o projeto esteve voltado ao estudo e a organização de atividades para o ensino e aprendizagem de dois dos três núcleos conceituais da química. Estes conceitos são apresentados por Pozo e Goméz Crespo (o modelo corpuscular da matéria e a conservação das propriedades não observáveis). Para o período de 2019 propõem-se o estudo do terceiro núcleo conceitual, que discute a importância das relações quantitativas na química. Dentre os conceitos envolvidos nestas relações quantitativas, destaca-se o estudo da razão e da proporcionalidade, pois eles fundamentam vários conteúdos estudados na química do ensino médio, dentre os quais destacam-se os cálculos com mols, com números de partículas, o ajuste dos coeficientes das reações químicas, os cálculos estequiométricos e os que envolvem a concentração de soluções. Sabe-se que a razão e a proporção são conteúdos que teoricamente os estudantes deveriam aprender no 6° ou 7° ano do ensino fundamental, na disciplina de matemática, e que os mesmos surgem nos mais diversos contextos da vida: na compra e venda, nos ramos de atividade de ciências, química e física, entre outros. Para o levantamento das informações foram elaborados quatro problemas envolvendo os conceitos “concentração e diluição de soluções”, e “proporcionalidade nas reações químicas” que foram respondidos por 151 estudantes de diferentes turmas dos cursos técnicos integrados do IFRS - Campus Canoas. As respostas foram analisadas, e observou-se que o quantitativo de erros variou de acordo com o conteúdo envolvido em cada questão, ou seja, o contexto apresentado em cada problema faz com que alguns estudantes modifiquem a estratégia utilizada. O problema em que os estudantes apresentaram o maior percentual de respostas corretas (90,07%) abordava uma situação sobre concentração de soluções. Já uma questão que tratava de uma reação química (representada na forma de uma equação) foi a que mostrou o maior percentual de respostas incorretas por parte dos estudantes (21,19%). Como etapa seguinte, os resultados estão sendo analisados de forma qualitativa, com foco nas relações que resultaram em respostas erradas, pois acredita-se que elas podem ter elementos importantes a serem considerados na elaboração de estratégias para o estudo das relações quantitativas da química.