Da escuta do outro à viagem: múltiplas aprendizagens através das Feiras das Cidades

  • Brenda Mensch
  • Sheila Staudt

Resumo

O projeto de extensão “Olhares sobre as cidades: experiências de viagem”, do IFRS Campus Canoas, promove, anualmente, o evento Feira das Cidades. Em 2016, a Feira teve quatro dias de duração, ao longo dos quais o campus vem recebendo a visita do mundo, já que nem todos os alunos têm a chance de conhecê-lo. O projeto tem como objetivo incentivar o conhecimento por novas experiências culturais através de relatos de viagens, oficinas, minicursos, exposições artísticas, apresentações culturais, stands, sessões de cinema comentadas, entre outros. Durantes as suas seis edições, o evento tem alcançado com sucesso seus objetivos, entre eles o de estabelecer novas relações dos sujeitos com o complexo universo cultural e global a sua volta. Os ouvintes são inseridos em um universo onde a diversidade é lei e os cinco sentidos aguçados: ouve-se, prova-se, olha-se, sente-se, enfim, somos convidados a absorver cultura dos seis continentes. Por meio da escuta do outro, diversas viagens são feitas: o ouvinte é convidado a embarcar com o viajante que relata sua travessia, vê a organização para a viagem e até sofre com as peripécias ocorridas, percorrendo com o palestrante-viajante os trajetos por que passou. Estamos na Ásia, mas a América Central fica no auditório ao lado. Ao longo da Feira das Cidades, os ouvintes vão aprendendo que viajar é muito mais que um verbo, é um estado de espírito. As viagens são realizadas por meio da oralidade advinda dos mais diversos narradores aos moldes benjaminianos. A figura do ‘marinheiro comerciante’ surge nas sessões de relatos de viagem e a relação entre o ouvinte e o narrador vai além do interesse em conservar aquilo que foi narrado. A perpetuação da experiência por meio da narração dos palestrantes-viajantes contribui para o alargamento dos horizontes dos estudantes, servidores e comunidade externa, bem como reforça o registro memorialístico daqueles contadores de histórias. O contato com a alteridade estimula o desenvolvimento de novos meios de aprendizagem, já que a aproximação com diferentes culturas e hábitos é de suma importância para a quebra de preconceitos e estereótipos. Refletir sobre esse espaço plural chamado cidade é repensar o nosso papel enquanto seres humanos. De acordo com Walter Benjamin, a “dimensão utilitária” dessas narrativas orais é percebida no instante em que acontece de fato a troca de inúmeros ensinamentos nesse momento único de integração comunidade-escola. O complexo e intrincado locus urbano na contemporaneidade requer metodologias que transcendam o espaço escolar, bem como a obtenção de um olhar mais aguçado a tudo aquilo nos cerca.
Publicado
2017-02-21
Seção
[EXTENSÃO] Resumos nível médio