As faces instrumental e formativa da matemática em Platão.

  • Milena da Silva Fontana
  • Vicente Zatti

Resumo

Este trabalho resulta de pesquisas realizadas no projeto ‘A centralidade da matemática no currículo: um estudo sobre as origens a partir da Paideia platônica’ e tem como objetivo o estudo e interpretação dos diálogos de Platão para compreender e identificar o papel da matemática em seus textos e estabelecer uma possível relação com a centralidade da matemática nos currículos ocidentais. Ao investigar os diálogos platônicos, buscamos elementos que corroborem ou refutem a hipótese de que em Platão a matemática não constitui apenas um instrumento e sim possui papel formativo central para formar um homem “elevado”, homem racional, justo e bom, que Nietzsche no século XIX chamou de homem apolíneo. Para alcançar esse objetivo foram realizadas diversas leituras de artigos e diálogos platônicos buscando identificar fatores, falas, argumentos que contribuam para a pesquisa e confirmem ou descartem as hipóteses de pesquisa. Platão foi um filósofo grego discípulo de Sócrates, nasceu em Atenas em 427 a.C.. Por volta de 387 a.C., fundou a Academia, a qual dirigiu pelo resto de sua vida, e morreu em 347 a.C. aos seus 80 anos de idade. A frase “Que não entre quem não saiba geometria” fazia parte do pórtico da Academia fundada por ele, e demonstra a centralidade da matemática em seu pensamento. Apesar de não ter sido um grande matemático, Platão foi entusiasta e divulgador da matemática. Até o momento a pesquisa proporcionou identificar que durante a sua vida, Platão tentou através de diversos diálogos, mostrar que a matemática não servia apenas como instrumento, mas tinha a função de “elevar o homem ao ser”, ao que é verdadeiro. Logo, ele afirma que seria necessário aos dirigentes das cidades, dez anos de estudo aprofundado da matemática e que, após os seus cinquenta anos, e diversos outros estudos, eles estariam aptos a governarem a cidade. Todos esses anos de estudo serviam para formar o homem “ideal” de Platão, aquele que enxerga a verdade, é justo, bondoso, corajoso, e que utiliza a razão para tomar decisões acerca de tudo, ou seja, aquele que apesar dos desejos do corpo, consegue ignorá-los e pensar racionalmente. Ao declarar que a matemática eleva o homem ao ser, Platão referia-se a alma do homem, seu intelecto, pois ele possuía uma compreensão dualista, corpo e alma eram coisas vistas separadamente. Ao mencionar o Cálculo como instrumento fundamental para a formação do homem, ele divide a matemática em cinco áreas, separando-as pelos objetos que estudam: a) aritmética: números abstratos; b) geometria: objetos eternos; c) estereometria: volume dos sólidos; d) astronomia: céu e estrelas; e) harmonia: acordes musicais. Conforme o andamento da pesquisa, pretende-se encontrar argumentos mais concisos que comprovem ou contradigam as hipóteses mencionadas.
Publicado
2017-02-21
Seção
[Pesquisa] Resumos nível superior