O rock contra a ditadura na Argentina (1976-1983): um estudo sobre “cultura da resistência”

Palavras-chave: Rock argentino, Ditadura militar, Cultura de resistência, Historiografia, História oral

Resumo

     Sob rígida censura imposta pela ditadura militar na Argentina durante 1976 a 1983, destacou-se efervescente produção musical, quando muitos autores e intérpretes dos mais variados estilos desafiaram a ordem então estabelecida. O movimento Rock, encabeçado por algumas bandas e por alguns cantores como Charly Garcia, Luis Alberto Spinetta, Lito Nébia, trouxe em suas letras e nos títulos das músicas e das bandas que se formaram naquele período, uma subversão à ordem estabelecida e às regras vigentes. Assim, a Argentina experimentou uma “resistência cultural”, com músicas cujas letras eram mensagens direcionadas aos governantes da Casa Rosada, como em “Los Dinossaurios” do Disco Piano Bar de Charly Garcia que fala sobre “desaparecer en la calle” ou no nome da banda formada após 1976 pelo mesmo Charly Garcia, com o nome “La maquina de hacer pajaros” que remete as letras das músicas que seriam passaros que nunca seriam engaiolados pelos sensores militares, pois decodificadas passariam por eles. Outro disco da mesma época (1976), de Luis Alberto Spinetta, intitulado “Invisible”, também remetia aos “invisíveis” desaparecidos durante a ditadura. A partir dessas reflexões, iniciou-se projeto de pesquisa cujo objetivo é analisar por meio de obras historiográficas, fontes orais e discografia e letras de músicas, sobre a “cultura de resistência” que se produziu entre 1976 a 1983, sob os rígidos controles impostos pela ditadura militar Argentina. Trabalha-se com estudos sobre memória social, História Oral e história política, respectivamente, a partir de Elisabeth Jelin, Verena Alberti e René Rèmond. Em termos metodológicos, trabalha-se com pesquisa qualitativa, pesquisa bibliográfica (historiografia argentina sobre a ditadura militar), documental (discografia e letras de músicas) e de campo (entrevista com personagem que viveu no período da ditadura na Argentina). Destaca-se que o movimento cultural de resistência sobreviveu até os dias de hoje em solo argentino com desdobramentos sociais e políticos. Na fonte oral produzida, aparecem comparações com o movimento cultural brasileiro do período militar e suas diferenciações; na historiografia argentina, fica explícita uma “vontade de memória” e uma luta contra o esquecimento dos eventos traumáticos, evidenciado que feridas sociais ainda estão abertas e longe de cicatrizar.

Biografia do Autor

Marcos Garcez, Universidade La Salle
Graduando em história no UNILASALLE/CANOAS/RS sob orientação profa. Dra. Cleusa Graebin.

Referências

Neste resumo não constam. Mas no resumo expandido constam.

JELIN, Elizabeth. Los trabajos de la memoria siglo XXI editores, España: Colección Memorias de la Represión, 2002. 146 p.

JELIN, Elizabeth. HISTORIA Y MEMORIA SOCIAL, www.cholonautas.edu.pe / Módulo virtual: Memorias de la violencia

JELIN, Elizabeth. Exclusión, memorias y luchas políticas. En libro: Cultura, política y sociedad Perspectivas latinoamericanas. Argentina. 2005. pp. 219-239.

FAVORETTO, Mara. Charly Garcia: alegoria y rock. Musica popular em Revista, Campinas, ano 2, v. 1, p. 125-51, jul.-dez 2013.

Publicado
2018-02-20
Seção
[Pesquisa] Trabalhos expostos