Representações sociais de trabalhadores de resíduos sólidos

  • Caroline Fernanda de Oliveira Universidade Feevale
Palavras-chave: Lixo, Reciclagem, Cooperativa

Resumo

Sob o escudo da ordem e do progresso, o padrão de crescimento adotado no Brasil, nos séculos XX e XXI, proporcionou tanto uma sofisticação e um aumento nos padrões de consumo, como uma ampliação desordenada da população das cidades. Ressalta-se que a palavra lixo nos remete a restos e tudo que é arrancado, removido e não tem mais valor ao sujeito. O presente estudo teve como objetivo identificar as representações sociais construídas e vivenciados pelos recicladores cooperados ao trabalhar com os resíduos sólidos, como atualmente é denominado o lixo, bem como o significado deste trabalho nas unidades de reciclagem. Os procedimentos metodológicos adotados foram: do ponto de vista da forma da abordagem do problema, optou-se pelo paradigma qualitativo; quanto aos seus objetivos, possui uma proposta descritiva e, como procedimento técnico, a pesquisa de campo. Os depoimentos foram colhidos através de entrevista narrativa. Os procedimentos de análise de dados ocorrem por meio da técnica da análise do discurso. Foram realizadas entrevistas em 04 cooperativas de reciclagem, estando 03 localizadas na cidade de Novo Hamburgo e 01 na cidade de Dois Irmãos, com sujeitos de ambos os sexos que exercem a profissão de catadores/cooperados, com uma média de 05 pessoas por unidade. Os resultados indicam que os trabalhadores cooperados percebem o trabalho como algo que media relações com o outro e com a sociedade. As experiências que poderiam construir um ambiente apenas dividido e contraditório gestaram uma condição de pertencimento, de fazer parte de algo maior e melhor e, com isso, uma dignidade (re)conquistada. Descontentamentos coexistem com alguns silêncios. Trata-se, inclusive, de um espaço de trabalho tenso pela amplitude das experiências que se relacionam e que lá circulam diariamente. Ressalta-se, ainda, que muitos, em função dos estigmas e preconceitos sofridos, percebem-se, por vezes, como desnecessários economicamente, incômodos politicamente e perigosos socialmente.

Biografia do Autor

Caroline Fernanda de Oliveira, Universidade Feevale
Universidade Feevale, Curso de Administração.
Publicado
2018-02-20
Seção
[EXTENSÃO] Resumos nível superior