Representações sociais e sentidos do trabalho: análise do percurso do desemprego de um grupo de trabalhadores da região do Vale dos Sinos-RS

  • Betina Cezimbra Ludwig Universidade Feevale. Novo Hamburgo, RS
  • Sueli Maria Cabral Universidade Feevale. Novo Hamburgo, RS
Palavras-chave: Desemprego, Trabalho, Representação

Resumo

O estudo parte da hipótese que o desemprego afeta diversas dimensões da vida humana, ou seja, sujeitos que se encontram numa situação involuntária de não-trabalho. Isso se dá por falta de oportunidade de trabalho, ou que exercem trabalhos irregulares com desejo de mudança, acabam por vivenciarem relevante desarticulação nas interações pessoais e, portanto, nos processos de sociabilidades, das relações familiares e, inclusive, problemas de saúde física e mental. Tais elementos oportunizam a constituição de uma identidade social deteriorada, de sujeitos que passam a ser estigmatizados, considerados e compreendidos como de menor valor social. O objeto de estudo do presente trabalho são as representações sociais do trabalho e do desemprego construídos e vivenciados por indivíduos de cidades da região do Vale do Sinos, que estão fora do mercado de trabalho de forma não voluntária. Com análise na situação do Brasil, que tem registrado um dos maiores índices de desemprego da história e seus efeitos se refletem em todos os aspectos da sociedade. De acordo com IBGE (2017), a taxa de desemprego no Brasil, no mês de maio, bateu o recorde histórico, contabilizando 14,2 milhões de desempregados. No segundo trimestre de 2016, a taxa de desemprego no país estava em 10,8%, ou seja, em 12 meses ocorreu uma alta de 2,9 pontos percentuais. O volume de pessoas em busca de uma ocupação teve um acréscimo de mais de 3,1 milhões de desempregados, afetando mulheres, negros e jovens e mesmo que esses segmentos tenham menor participação no mercado de trabalho. A partir destes dados, o projeto propõe uma investigação, que objetiva analisar as múltiplas representações sociais frente às dimensões do desemprego que impactam na constituição de suas identidades, nos processos de sociabilidades e nos sentidos do trabalho para um grupo de desempregados residentes do Vale dos Sinos e buscando, além disso: a) identificar como as representações sociais são construídas e vivenciadas entre os sujeitos, que impactam na constituição de suas identidades em função do desemprego; b) analisar os elementos que constituem o discurso; c) compreender quais foram e como se deram as transformações nos processos de e vida dos sujeitos; d) desenvolver, através dos dados coletados, um documentário que possa contribuir com o debate acerca do desemprego e suas repercussões em diferentes aspectos da vida dos entrevistados. Os procedimentos metodológicos adotados para a realização da pesquisa serão: do ponto de vista da forma da abordagem do problema, optou-se pelo paradigma qualitativo; quanto aos seus objetivos, a pesquisa possui uma proposta explicativa e, como procedimento técnico, será adotada a pesquisa de campo. Os depoimentos serão colhidos através de entrevista narrativa e igualmente realizadas a partir dos fundamentos da Teoria das Representações Sociais. Os procedimentos de análise de dados ocorrerão por meio da análise do discurso dos entrevistados, analisando o contexto o qual o entrevistado está inserido. Os benefícios assentam-se no fato de apresentar uma análise macrossocial, sem deixar de considerar os efeitos dessa estrutura na esfera microssocial sobre o desemprego.

Referências

Antunes,R.(2013). Riqueza e Miséria do Trabalho no Brasil II. São Paulo:Boitempo,

Bauman, Z. (2014) Modernidade líquida. (4ed )Rio de Janeiro: Jorge Zahar.

Corbin, A. (1987). Saberes e Odores. O olfato e o imaginário social nos séculos dezoito e dezenove. São Paulo: Companhia das Letras.

Cardoso, L.A. (2011) A categoria trabalho no capitalismo contemporâneo. Tempo Social, revista de sociologia da USP, v. 23, n. 2. pp. 265-295

Dubar, C.(20015). A Socialização: construção das identidades sociais e profissionais. São Paulo: Martins Fontes.

Eigenheer, E. M.(2003) . Lixo, Vanitas e Morte. Niterói: EdUFF.

Goffman, E.(2006). A Representação do Eu na Vida Cotidiana (13a ed.). Petrópolis: Vozes.

Grint, K. (2002). Sociologia do Trabalho. Lisboa: Piaget.

Haesbaert, R .(2004).Dos Múltiplos Territórios à Multiterritorialidade. Porto Alegre, 2004. Disponível em http://www.ufrgs.br/petgea/Artigo/rh.pdf Acesso em fev/2017>

Hegel, G. W. F.(2014). Lecciones sobre la filosofía de la historia universal (6a ed.). Trad. de José Gaos, Madrid: Alianza.

Maffesoli, M. (1987). Violência Totalitária: ensaios sobre antropologia política. Rio de Janeiro:Zahar

___________ (1995). A contemplação do mundo. Tradução de Francisco Franke Settineri. Porto Alegre: Artes e Ofícios.

.Marx, K. (2015). O capital: crítica da economia política (13a ed.). São Paulo:Boitempo.

Morin, E. et al. (1998). A Sociedade Em Busca de Valores: para fugir à alternativa entre o cepticismo e o dogmatismo. Lisboa: Instituto Piaget.

Moscovici, S. A. (2013). A representação social da psicanálise (8a ed.). 4Petrópolis: Vozes, 2003.

Santos, B. S., Meneses, M. P. (2010.) Epistemologias do Sul. São Paulo: Editora Cortez.

Weber, M. (1987). A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo. São Paulo São Paulo; Editora Cortez.

Publicado
2019-04-30
Seção
[Pesquisa] Resumos nível superior