A Cosmologia das Práticas Curativas

um estudo sobre pessoa, cultura e natureza

  • Vanessa Guedes Duarte Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS) - Campus Restinga. Porto Alegre, RS
  • Gilberto Luís Lopes Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS) - Campus Restinga. Porto Alegre, RS
  • Inacira Souza da Rosa Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS) - Campus Restinga. Porto Alegre, RS
  • Milena Silvester Quadros Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS) - Campus Restinga. Porto Alegre, RS
Palavras-chave: Plantas curativas, memórias;, cultura.

Resumo

O projeto A Cosmologia das Práticas Curativas: um estudo sobre pessoa, cultura e natureza
procura recuperar saberes tradicionais e populares através das memórias sobre os usos das plantas
curativas na região de Porto Alegre, RS. A partir do mesmo pretendemos reconstruir memórias a
partir das relações tecidas entre as pessoas, a cultura e a natureza, visando à valorização de
saberes que têm sido desvalorizados pela autoridade da ciência e da indústria médicas. A história
da utilização das plantas medicinais começa a ser registrada com os relatos de viajantes que
chegavam às Américas no contexto da conquista e exploração do continente. Entre as populações
nativas, porém, os conhecimentos não recebiam registro escrito, sua forma de transmissão ocorria
através da figura do Pajé e de geração para geração. Com a chegada dos portugueses e com a
diáspora Africana, se foi agregando novos saberes que resultam na medicina popular e tradicional
que conhecemos hoje. Além disso, há também uma utilização para meios religiosos,
principalmente em religiões de matrizes africanas. Usos como, por exemplo, para o benzimento, a
decoração de altares, a purificação do corpo e do espírito. Dentro das religiões afro-brasileiras
cada planta tem representação de uma divindade. Com a industrialização e o consequente
aumento das áreas urbanas, houve uma diminuição desses saberes. O domínio da ciência como
verdade absoluta paulatinamente fizeram com que essas sabedorias populares e tradicionais
fossem consideradas charlatanismo.Como foi apresentado anteriormente, queremos fazer um
resgate histórico e a valorização dessas experiências tradicionais. Primeiramente, realizamos uma
pesquisa bibliográfica referente ao tema para termos uma base teórica. Após, realizamos
entrevistas com pessoas que ainda guardam esses conhecimentos. Nossos questionamentos
principais foram: como as pessoas aprendem esse conhecimento? quais os tipos de ervas
utilizadas? como são usadas? qual a importância das ervas segundo seus pontos de vista?
Também visitamos agricultores da zona rural de Porto Alegre, onde pudemos aprender mais
sobre esses saberes e conhecer outras formas não convencionais de utilizar essas plantas, ligadas
à Agroecologia. Visitamos ainda o quilombo dos Alpes onde pudemos saber mais sobre os
conhecimentos das ervas com a mestra Janja. De forma geral, nossa pesquisa se baseou em
métodos qualitativos. Como resultados parciais podemos dizer que os saberes das plantas, tanto
relacionados às práticas medicinais como religiosas, levam junto consigo toda uma história, uma
cultura dos nossos antepassados, faz parte de uma tradição familiar, carrega a relação de cuidado
com o outro, e com a natureza. A perda dessas sabedorias reaviva as práticas individualistas, leva à perda da empatia e ao descuido com a biodiversidade.

Publicado
2019-11-29
Seção
[EXTENSÃO] Resumos nível médio